Relação entre tecnologia e homem é debatida em palestra com Don Ihde
Aos 81 anos de idade, com cabelos brancos e joelhos frágeis, o filósofo norte-americano Don Ihde continua a circular pelo mundo empreendendo novas ideias e construindo seus conceitos. Especialista e pioneiro em filosofia da tecnologia, Don veio pela primeira vez ao Brasil para palestrar em diversas universidades, entre elas a Unochapecó. Na quarta-feira (22), estudantes e profissionais tiveram a oportunidade de ouvir um de seus discursos.
Logo de início, o filósofo deixa claro que ele não se arrisca a imaginar como as tecnologias serão nos próximos 20 anos, "sou relutante a isso, mas nós podemos apenas imaginar e não adivinhar o que está por vir", diz. A filosofia que Don Ihde criou busca refletir sobre a tecnologia, levando em consideração que o homem (ou o que se entende como homem, hoje) nunca existiu sem ela, e que a própria noção de tecnologia é intrínseca ao ser humano.
"Eu vi a morte da máquina de escrever e das ferrovias do século XIX e XX, quando foram substituídas por sistemas elétricos. Eu percebi que toda tecnologia tem uma vida útil de uso, isto é, comercialmente. Após o seu uso, talvez continue como um artefato cultural. Mas depois que uma tecnologia desaparece, ela não volta mais, permanece na história", reflete o filósofo.
Ihde, além de ser um dos pioneiros nos estudos sobre a filosofia da tecnologia, também pesquisa a pós-fenomenologia, campo de reflexão que compreende o uso de tecnologias como elemento mediador entre o sujeito e o mundo. "A produção e a tecnologia industrial ainda são dominantes, mas a conectabilidade, as redes e a microtecnologia têm mudado as formas como experienciamos a nossa vida", esclarece Ihde, que completa seu pensamento: "As novas tecnologias, diferentemente das anteriores, possuem o que podemos chamar de 'multiuso'. Elas são compactas e possuem diversas funções, complementares à conectabilidade e micro ou nanotecnologia".
Parceria
A vinda de Don Ihde foi possível através da parceria firmada entre a Unochapecó, a Universidade Federal da Fronteira Sul, a Universidade Federal de Santa Catarina e a Universidade Federal do Parará. Segundo a diretora de Pesquisa e Pós-graduação Stricto Sensu da Unochapecó, Valéria Marcondes, as contribuições teóricas de Don são são de grande relevância ao aguçar a reflexão crítica acerca das finalidades das ferramentas tecnológicas. Do mesmo modo que os pensamentos do filósofo provocam a avaliação do espaço das tecnologias na vida do homem, nas escolas, na Universidade, na ciência.
"Enquanto docentes e formadores de opinião precisamos ter consciência e não encantamento diante das tecnologias. Tudo depende de como o ser humano utiliza estes aparatos tecnológicos mais ou menos sofisticados. A reflexão filosófica acerca da técnica contribui, principalmente, para que utilizemos criticamente as tecnologia(s) enquanto ferramentas pedagógicas, por exemplo", acredita Valéria. Para a diretora, a cultura de cooperação interinstitucional é fundamental para o desenvolvimento da região e à promoção de ações voltadas ao ensino, pesquisa e extensão.
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