Crônica de uma próxima parada na Unochapecó

Trajeto de encontros
Texto Ana Paula Dornelles*

 

"Vai para a Uno?". Os motoristas já estão acostumados a ouvir. Quando um pergunta, todos os demais ficam atentos à resposta. "Vai!". Hora de embarcar. É quase 18h30 e nesse horário não há como pegar uma lotação com destino à Unochapecó sem se apertar aos demais estudantes da Instituição. Entre as tantas conversas que rolam dentro do ônibus, de cada 10, nove são referentes ao trabalho que tem de ser entregue na semana que vem, à apresentação que vai acontecer daqui alguns dias, ou sobre os estudos para a prova que será realizada em algumas horas. Mesmo nem percebendo, todo mundo ali tem algo em comum.

Ontem mesmo ouvi algo relacionado à extração de óleo. Era um trabalho de doutorado de uma amiga da moça que comentava o assunto a outra moça que ouvia com atenção. É incrível a quantia de conteúdos que você pode aprender em um simples passeio de ônibus até a Universidade. Basta deixar os fones de ouvido de lado e prestar atenção. Há alguns dias conheci um dos professores de Arquitetura e Urbanismo da Unochapecó, confesso que não lembro seu nome, mas conversamos durante todo o trajeto, desde seu embarque. O assunto? Tatuagem. Nem sempre o foco são os desafios universitários, às vezes surgem temas aleatórios ou questões pessoais.

Outro dia, uma senhora sentou ao meu lado, a dona Mauricéia. Começamos a conversar sobre um problema dentário que ela estava tratando na Clínica Odontológica da Uno. Por fim, uma já sabia muitas coisas sobre a vida da outra. Ficamos amigas. Recebi até um convite para visitá-la em Gramado, onde mora oficialmente, e provar os saborosos chocolates de lá. Semana passada, ela me mandou uma mensagem no Facebook: "Ontem fiz cirurgia de três dentes. Estou bem. Daqui 15 dias, mais ou menos, farei de quatro dentes. Beijos e abençoado dia".

Além de amizades como a da dona Mauricéia, já fiz outras do tipo "desculpa te esbarrar", "opa, pisei no seu pé, foi mal". Há também aquelas amizades que a gente faz sem ao menos trocar uma palavra. Basta ver a pessoa subindo no ônibus, que já é possível saber que vai para Uno. Porque já pegamos a mesma lotação outras vezes.

Enfim, é extraordinário perceber que até mesmo o trajeto de ônibus até a Universidade é regado de experiências. É mais do que um simples momento rotineiro, ele pode significar muitas outras coisas, basta nos permitirmos escutar e ver.

 

 

*Estagiária, sob orientação de Greici Audibert. 

 

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SÃO LOURENÇO

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