Texto Christopher Marin e Isadora Lawall Machado*

 

Ser jornalista é ser mediador, uma ponte de ligação. Ao comunicar, nossa função como cidadãos e cidadãs é alcançar a todos, independente de classe social, etnia, sexualidade, gênero ou outros aspectos. É possibilitar a escuta de quem é invisibilizado na sociedade, para assim colocar em prática a democracia e trazer transformações na sociedade. Além disso, também é ser uma pessoa exploradora. No dia a dia do trabalho jornalístico, ter curiosidade nos guia para lugares pouco explorados e novas perspectivas de temáticas.

O dia 7 de abril foi escolhido para comemorar o Dia do Jornalista. A data foi criada em homenagem ao jornalista e médico Giovanni Batista Líbero Badaró, importante figura nas lutas a favor da independência do Brasil. Giovanni foi assassinado no dia 21 de novembro de 1830, em São Paulo. Ele era editor do jornal Observador Constitucional e foi um dos principais incentivadores da liberdade de imprensa. 

Para celebrar a data, o curso de Jornalismo da Unochapecó promoveu o painel "Jornalismo, sociedade e democracia". O debate sobre o papel da profissão em uma sociedade mais justa e democrática foi realizado com o jornalista Bruno Pace Dori, o juiz Ermínio Amarildo Darold e o professor Hugo Gandolfi de Oliveira. Além disso, o mediador da conversa foi o coordenador do curso de Jornalismo, o professor Franscesco Flávio da Silva.

Um dos princípios da democracia é a possibilidade de todos os indivíduos de uma sociedade terem voz e poderem participar das decisões importantes.

"É uma obrigação do curso estabelecer esse tipo de oportunidade para os seus estudantes, porque é uma condição inerente ao jornalista estar sempre atento às transformações, às grandes questões da sociedade e também conseguir ter uma leitura crítica dos eventos sociais. Então, a nossa principal intenção é aproximar os estudantes do mercado, de pessoas singulares da sociedade, que tenham condições de contribuir com a formação dos alunos", explica Franscesco.

As discussões dentro da área do jornalismo e da democracia, Franscesco aponta, possuem um leque de possibilidades e sub-temas para serem abordados nas discussões. "A gente acredita que o debate conseguiu trabalhar diversos pontos, os estudantes puderam participar, elaborando perguntas, tecendo suas opiniões. Como primeiro evento do ano, a estratégia era criar um ambiente bastante provocativo sobre vários temas", ressalta. Além disso, ele explica que ao longo de 2022 ainda serão desenvolvidas mais ações como esta. "Novos momentos virão com propostas diversificadas, para ter uma formação acadêmica o mais qualificada possível", comenta.

 

Para o jornalista Bruno Pace Dori, é importante atentar sobre o debate da democracia, principalmente ao falar sobre a liberdade de expressão e acesso às informações. Segundo ele, ambas são prejudicadas pela crescente de notícias falsas nas mídias sociais, fato que deve ser não só debatido, mas vigiado e combatido. Além disso, Bruno relembra o importante papel da profissão como agente de transformação da sociedade. Exercer sua cidadania é "tratar sobre demandas da população e o seu envolvimento comunitário, entendendo as pautas e anseios da comunidade. Ouvir as mais diversas fontes e dar voz às pessoas que, muitas vezes, não possuem maiores espaços sociais e até mesmo sofrem limitações para as expressões e demandas", destaca.

Entre os temas abordados estão a liberdade de imprensa, fake news, hierarquia de fontes e outros assuntos importantes para a formação dos acadêmicos. Para a aluna do primeiro período de Jornalismo, Ana Elen Lima, o que mais chamou sua atenção foi o debate sobre o papel do jornalista na sociedade. "É muito rico compreender a importância da nossa profissão, em especial, sobre como o jornalista tem um papel fundamental na exposição da verdade e de manter a ética. Sempre buscando ser o mais justo possível", comenta Ana.

 

Sobre estar de volta

Este é o primeiro evento do curso após o retorno das aulas presenciais. Por conta disso, o momento era de muita expectativa, principalmente para os estudantes dos semestres finais, que durante os dois últimos anos participaram de eventos apenas de forma remota. A aluna do sétimo período, Angela Bueno, relata que foi bom estar de volta em contato direto com os palestrantes, principalmente pelos diferentes olhares sobre a atuação do jornalista.

Os diferentes ângulos abordados pela perspectiva do jornalismo diário e da área do direito, segundo Angela, são importantes para ampliar os horizontes dos estudantes, principalmente ao observar aspectos que não estão presentes na rotina profissional ou pessoal. Participar de palestras que trazem diferentes visões de mundo é sair de zonas de conforto, é uma oportunidade essencial para a profissão. 

Ter mente aberta a novos conhecimentos, opiniões e possibilidades é principalmente praticar a escuta. Para as estudantes Angela e Ana, além do evento ser importante para desenvolver caráter crítico, também exercita a prática da escuta.

"Precisamos criar esse hábito, porque o jornalista, além de tudo, a coisa que mais precisa desenvolver é o processo de escuta", salienta Angela.

Ser convidado e lembrado pelo curso, após se formar em 2004, foi uma grande honra para Bruno. A troca de experiências, principalmente em um ambiente acadêmico, se faz importante para o jornalista, pela oportunidade de troca de experiências sobre o mercado de trabalho e novas perspectivas para a profissão. 

Para o coordenador do curso de Jornalismo, professor Franscesco Flávio da Silva, o retorno é inspirador. Para ele, o presencial é muito importante para a profissão jornalística, desde as aulas até a apuração dos fatos com as fontes. A possibilidade de promover debates, seminários e outras atividades trará uma visão diferente e interessante para os estudantes sobre o mercado e a profissão, visto que maior parte de suas experiências partiu de uma perspectiva online.

 

*Estagiários da Acin Jornalismo sob supervisão de Eliane Taffarel