Texto Valeria Romanzini Cenci*

 

O Brasil lidera o ranking mundial em homicídios de transexuais. Nos últimos oito anos foram registradas 868 mortes de travestis e trans, segundo dados da ONG Transgender Europe (TGEu), publicados em novembro de 2016. Esse debate ganha espaço na tela do cinema de Chapecó, com a exibição do documentário 'Karla com K'. O audiovisual conta a história de Karla Muniz, presidenta da União Nacional LGBT de Chapecó, uma mulher que já ultrapassou a estimativa de vida de uma transexual no Brasil, que é de 35 anos. A produção é dos estudantes do sétimo período do curso de Jornalismo da Unochapecó, Bruna Tomaz, Luciana Fernanda Colares e Matheus Antonio Kraemer.

O filme, que será exibido em sessão aberta ao público na segunda-feira (19), às 20h50, no Cinema Arcoplex do Shopping Pátio Chapecó, relata os desafios na luta contra a homofobia e o preconceito envolto na identidade de gênero. Para o aluno e produtor do documentário, Matheus Antonio Kraemer, tornar visível uma história como a da Karla é imprescindível. O estudante lembra, ainda, que o trabalho foi produzido no ano do centenário de Chapecó e nas festividades oficiais da comunidade LGBT. Na visão dele, as conquistas dos transexuais não ganharam o destaque esperado. "Pra mim a história de Karla faz parte da história de Chapecó e por que não é citada? Porque ela é transexual e nós estamos na cidade dos coronéis, uma cidade que ainda é muito preconceituosa" afirma Matheus.

Esse é o quarto documentário produzido pelos alunos do curso de Jornalismo que é exibido nas telas do cinema. Para a professora orientadora do projeto, Ilka Goldschmidt, o fato do filme ter nascido durante uma disciplina do curso demonstra que os futuros profissionais estão focados na desconstrução de preconceitos, contribuindo para gerar novos conhecimentos a partir da informação e da interpretação da realidade. O filme traz uma personagem forte, que é protagonista ao dar visibilidade às transexuais na cidade de Chapecó.

O filme possibilitou à Karla relembrar fatos importantes da sua vida e despertou novos olhares. "O documentário veio para mudar a minha forma de pensar em vários segmentos, me dando força para ajudar as pessoas, os LGBTs e suas famílias, evitando que aconteça com eles o que aconteceu comigo. Eu me emociono toda vez que vejo o teaser, porque sempre relembro o meu passado" conclui. A exibição do documentário no cinema Arcoplex terá entrada gratuita, limitada à capacidade da sala.

Confira o teaser do documentário:

*Estagiária sob orientação de Ilka Goldschmidt