Chapecó, 22 de maio de 2025 - Encerra nesta quinta-feira (22) o Mutirão de Regularização Migratória, uma ação conjunta realizada entre os dias 19 e 22 de maio em Chapecó. Promovido pela organização Círculos de Hospitalidade, Polícia Federal, o curso de Relações Internacionais da Unochapecó, projeto de extensão UNOMIGRAÇÕES e Univali, o mutirão teve como objetivo oferecer suporte a pessoas migrantes em situação de vulnerabilidade documental, por meio de atendimentos voltados à regularização migratória, pedidos de refúgio e autorizações de residência.

A atividade ocorreu nas dependências da Polícia Federal e contou com a atuação direta de 18 estudantes de Relações Internacionais, que, acompanhados pela professora Vanessa Lopes da Luz, participaram ativamente dos atendimentos. Os acadêmicos aplicaram na prática conteúdos aprendidos em sala de aula, como direitos humanos, política migratória e mobilidade internacional, além de desenvolverem habilidades fundamentais como empatia, comunicação intercultural e resolução de situações complexas.

“O número superou os atendimentos realizados no mutirão anterior, que ultrapassaram a marca de 500 pessoas migrantes oriundas de países como Argentina, Colômbia, Cuba, Haiti, Paraguai, Peru e Venezuela. A demanda foi intensa, e a presença dos estudantes tem sido essencial para o bom andamento dos atendimentos”, conta a professora Vanessa.

Para os estudantes, a participação no Mutirão representa uma oportunidade única de aplicar conhecimentos teóricos em um contexto prático e humano. Júlia Nery de Melo, acadêmica do terceiro semestre, destaca que experiências como essa ajudam a direcionar o olhar profissional. 

“Oportunidades como o mutirão, em que podemos praticar e observar de perto o funcionamento de áreas específicas, são extremamente valiosas. Elas nos ajudam a identificar com mais clareza as áreas das Relações Internacionais nas quais realmente desejamos nos especializar”, afirma.

Júlia aponta que sua etapa favorita foi o contato direto com os migrantes, momento que proporcionou escuta, acolhimento e empatia. “Ouvir suas histórias, muitas vezes com desabafos sinceros sobre os desafios que enfrentam, foi uma experiência profundamente enriquecedora. Minha expectativa é que nosso trabalho ajude essas pessoas a enxergar esse processo não como uma barreira, mas como um passo concreto para novas oportunidades”, relata. A estudante também reforça o papel do curso na formação de profissionais conscientes e preparados para atuar em realidades diversas.

Calouro no curso, Matheus Poli Marinello aponta que vivências como essa já no início da graduação são fundamentais para a construção de sua identidade profissional. “Essas experiências ajudam a me reconhecer como futuro profissional. Achei muito interessante o contato direto com os imigrantes, suas histórias e de como tudo se torna mais especial quando conseguimos ajudar com suas necessidades”, comenta. Matheus também valorizou o exercício da empatia e da comunicação intercultural ao realizar o cadastro e o atendimento em espanhol.

Próximos passos

A principal expectativa é de que essa iniciativa se consolide como uma prática contínua, de modo a fortalecer o compromisso das instituições com os direitos humanos. Espera-se também que os estudantes envolvidos saiam desta experiência com maior senso crítico, sensibilidade social e capacidade de atuar de maneira ética em contextos internacionais complexos.

De acordo com a coordenadora do curso, Alicia Cechin, práticas como essa têm um papel transformador na formação do profissional de Relações Internacionais. Elas permitem que o estudante vivencie, na prática, os efeitos concretos das políticas migratórias e dos tratados internacionais, para além do que é abordado teoricamente em sala de aula. 

“A experiência contribui para o desenvolvimento de um olhar crítico e humano, além de preparar o aluno para lidar com contextos interculturais, conflitos normativos, burocracias internacionais e, acima de tudo, com a dignidade das pessoas com quem interage”, reitera a coordenadora.

Parceria Institucional

Motivada pela necessidade de expandir ações de regularização migratória para o Oeste catarinense, a parceria entre Unochapecó e a organização Círculos de Hospitalidade começou em agosto de 2024. Com sede em Florianópolis e atuação conjunta com a Univali em outras regiões do estado, a Círculos identificou em Chapecó a impossibilidade de levar um grande número de voluntários, buscando então o apoio da Universidade. A experiência positiva do primeiro mutirão fortaleceu os laços entre as instituições e viabilizou a realização da nova edição neste ano e o debate para os próximos.

Relações Internacionais é na Uno

O mutirão foi um momento de inspiração para os estudantes reafirmarem seus propósitos na área. “Eu defino o curso de Relações Internacionais como uma área especial para aqueles que não aceitam viver em um mundo dividido, e acreditam que a comunicação, a empatia e a estratégia são as ferramentas mais fortes”, reflete Matheus. 

Já Júlia resume a essência da formação como um convite para transformar realidades por meio do conhecimento e da sensibilidade: “Mais do que estudar teorias, o curso nos conecta às histórias reais das pessoas, aos seus desafios e às complexidades das relações entre países”.

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Texto: Ionara Virmes / Assessoria de Imprensa Unochapecó;

Fotografias: reprodução curso de Relações Internacionais.