Estudo analisa peças arqueológicas do período pré-colonial

Revelando o passado

Nos últimos dias, esteve no Centro de Memória do Oeste de Santa Catarina (Ceom/Unochapecó) o arqueólogo do Instituto Nacional de Antropologia da Argentina, dr. Daniel Loponte. O arqueólogo é um dos coordenadores do projeto de pesquisa “Arqueologia da Floresta Atlântica Meridional Sul Americana” (ABAMS) realizada em parceria com o Instituto Nacional de Antropologia e Pensamento Latino-americano (INAPL/Ministério da Cultura Argentina) e Ceom/Unochapecó.

pesquisa ceom argentina

A parceria iniciou em 2011 durante o Congresso Internacional de Arqueologia da Bacia do Prata, em Buenos Aires, onde a arqueóloga do Ceom/Unochapecó, Mirian Carbonera apresentou as pesquisas arqueológicas desenvolvidas pelo Centro no Alto Uruguai. Loponte se interessou pelo trabalho e convidou a equipe do Centro para participar da pesquisa binacional.

Agora a equipe está fazendo as análises dos materiais, depois das escavações realizadas em 2013 na Gruta 3 de Mayo (Garuhapé/AR), no Sítio Corpus (Corpus/AR) e no Sítio Otto Aigner 2 (Itá/BR). “Através desse trabalho foi possível constatar as ocupações pré-coloniais da zona, que vão desde grupos pré-cerâmicos até os agricultores ceramistas Guarani e Itararé-Taquara”, assegura Mirian. Os objetos encontrados são ferramentas feitas em pedra, chamadas pelos arqueólogos de materiais líticos, objetos de cerâmica (partes de vasilhas de diferentes tamanhos usados pelos antigos homens para armazenar e cozinhar alimentos e bebidas), vestígios de sepultamentos humanos e animais utilizados na alimentação.

Descobertas

A arqueóloga do Ceom explica que foram realizadas análises a partir de ossos humanos de sítios tanto do Oeste catarinense quanto de Misiones. “Isso nos permitiu saber que a base da alimentação das sociedades Guarani e Itararé-Taquara era o milho, complementada com a caça, pesca e consumo de vegetais silvestres” comenta Mirian. A equipe aguarda ainda o resultado de uma amostra de osso enviada aos Estados Unidos para datar a ocupação mais profunda da Gruta 3 de Mayo. A expectativa da equipe de pesquisadores é grande já que esse material pode ser o mais antigo dos sítios escavados até o momento, datando mais de 2.000 anos.

ponta flecha pesquisa ceom

Conforme comenta Loponte, a parceria entre as duas instituições tem permitido aumentar o conhecimento arqueológico, assim como a troca de experiências, métodos de trabalho, referências e ideias sobre a antigo povoamento da região. “Esse contato permite ainda estimular a formação de pesquisadores em áreas deficitárias de conhecimento de forma muito eficaz. Trabalhar em conjunto é insubstituível para a transmissão dessas práticas”.

Ainda segundo Loponte, “aproveitamos esse período de permanência no Ceom para documentar novos artefatos que têm ampliado a coleção e que são importantes ao nosso projeto. Além disso, avançar na produção das publicações científicas que mostram os resultados da primeira e segunda saída a campo”. Eles estudaram nesta etapa duas pontas de projétil muito especiais, que são conhecidas pelos arqueólogos como 'rabo de peixe'. Elas representam um período muito antigo da ocupação que remonta há cerca de 10.000 anos. “A identificação desses projéteis, somadas às do acervo do Ceom, abrirá uma nova perspectiva para discutir o povoamento inicial do sul do Brasil”, afirma o pesquisador.

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