Não faz muito tempo os corais começaram a se apresentar de formas diferentes. Até então todos os grupos seguiam um padrão, hoje chamado de tradicional. Foi agregando novos elementos ao canto coral que surgiram os chamados corais cênicos, disse o maestro e arranjador Pablo Trindade, que está à frente do Expresso 25, de Porto Alegre. "Mas na verdade todos os coros são cênicos, todos se mechem, queiram eles ou não", complementou o maestro.   No Brasil, a música popular colaborou na formação de grupos com estéticas diferenciadas, pois juntamente com o canto popular vem a naturalidade de cantar, o que não ocorria, por exemplo, com a música européia, que formava os repertórios dos corais até aproximadamente 30 anos atrás, comenta Pablo. Além disso, expôs o maestro, nas últimas três décadas, de Villa-Lobos em diante, há cada vez mais compositores brasileiros escrevendo músicas para corais.   A implementação de aspectos cênicos nos grupos envolve cada vez mais técnicas de outras áreas agregadas ao canto coral. Isso leva os grupos a mudarem seu formato e pede dos cantores uma consciência cênica. "Em conseqüência, os jovens se interessam mais pelos corais", disse Pablo, interesse esse que havia se perdido por um período.   Implementar aspectos cênicos e elementos das outras artes no canto coral não significa dizer que todos os grupos devem ser iguais. Também não significa que todos os corais devem usar elementos não tradicionais. "Cada um deve encontrar a sua proposta estética dentro da sua região", indicou Pablo. O importante mesmo é gostar daquilo que se faz e sentir o prazer de fazer música com um grupo de cantores, sejam estes amadores ou profissionais.   Pablo Trindade   Pablo Trindade é de Montevidéu (Uruguai). Ele conta que veio para o Brasil para integrar o grupo Coral 25 de Julho, de Porto Alegre, hoje conhecido como Expresso 25. Pablo é maestro do grupo desde 1996, e desenvolve um trabalho de canto em grupo reconhecido mundialmente.