Texto Ana Vertuoso*

 

Para que uma região se desenvolva, é preciso investir nos conhecimentos locais. No caso do Oeste Catarinense, as plantas medicinais possuem um papel importante na formação da cultura e identidade da região. Para que essa prática continue a ser valorizada, a Unochapecó é uma das apoiadoras do Seminário Regional de Desenvolvimento Rural Sustentável, realizado pela Epagri, que acontece amanhã (05/08), no município de Planalto Alegre.

A participação de representantes da Incubadora Tecnológica de cooperativas Populares (ITCP) e dos Programas de Pós-graduação stricto sensu em Políticas Sociais e Dinâmicas Regionais e Ciências da Saúde da Unochapecó faz parte de ação mais ampla, que envolve um termo de cooperação com o tema 'Práticas populares de cura e o uso de plantas medicinais no município de Guatambú'. 

Durante a quinta-feira, membros de diversos setores irão discutir o uso de plantas medicinais e o conhecimento popular em processos de cura. Além disso, também serão abordados os benefícios e métodos de utilização das chamadas 'PANCs', que são plantas alimentícias não convencionais, como o Saião, uma flor comestível e muito usada em algumas regiões para o tratamento de úlceras. 

No período da manhã, a professora do Programa de Pós-Graduação stricto sensu em Políticas Sociais e Dinâmicas Regionais da Universidade, Rosana Maria Badalotti, irá abordar o conhecimento popular nas práticas curativas tradicionais. "O objetivo é refletir e valorizar estes conhecimentos como parte relevante do capital cultural e social de nossa região. As práticas tradicionais de cura que utilizam plantas medicinais, por exemplo, não são resquícios do passado, fazem parte da cultura local de diferentes grupos étnicos e coletivos, que através de conhecimentos empíricos contribuem para pensarmos sobre a multidimensionalidade do desenvolvimento regional e rural", explica.

De acordo com Rosana, estes conhecimentos e práticas extrapolam o espaço doméstico, pois possuem relevância para a sociedade em geral por diversos motivos. Eles representam parte de nossa cultura regional, contribuem para a biodiversidade, nos possibilitam pensar a saúde de forma integral e, mais recentemente, passaram a dialogar com as políticas públicas de saúde.    

Já o professor do Programa de Pós-graduação stricto sensu em Ciências da Saúde da Unochapecó, Walter Antônio Roman Junior, irá palestrar sobre as potencialidades e estratégias de implantação de programas de fitoterapia no âmbito do SUS. "Em função da eficácia e da reduzida toxicidade, os extratos de plantas medicinais têm contribuído no desenvolvimento de novos medicamentos para tratamento de inúmeras doenças. Nesse sentido, a agricultura familiar da região Oeste de Santa Catarina se destaca com enorme potencial, pois têm a oportunidade de realizar um resgate cultural do uso de plantas medicinais, além da possibilidade da produção de espécies bioativas e desse modo, obter um incremento de renda", conclui.

 

*Estagiaria sob supervisão de Gabriel Kreutz