Texto Gabriel Kreutz*

 

Desde 2010, quando foram aprovadas as Diretrizes Curriculares Nacionais da Educação Básica pelo Ministério da Educação (MEC), a Associação dos Municípios do Oeste Catarinense (Amosc) começou a discutir a possibilidade de criar um documento diferenciado para a região, que além de cumprir com as normas nacionais e estaduais, trouxesse, também, as especificidades locais. O Currículo Regional do Ensino Fundamental dos municípios da Amosc foi apresentado na última sexta-feira (27/11), em um evento online, resultado de uma profícua parceria entre a Associação, Unochapecó e Universidade Federal da Fronteira Sul (UFFS).

Apesar da necessidade ter surgido há dez anos, foi em 2017 que teve início o processo de elaboração de um currículo regional, a partir de um curso de formação continuada aos professores da região. No mesmo ano, a Base Nacional Comum Curricular (BNCC) também foi aprovada, tornando-se documento orientador aos currículos estaduais e locais. Partindo dela, da Proposta Curricular de Santa Catarina e do Currículo Base do Território Catarinense, o Currículo Regional foi elaborado com a participação de muitas pessoas que atuam na educação básica e no ensino superior da região. 

Trata-se da terceira versão do documento, estruturado com os capítulos: ‘Marcos Legais e Concepção Educacional’, ‘Avaliação Formativa’, ‘Fontes Pedagógicas da Realidade’, ‘Áreas do Conhecimento e seus quadros de referência’, ‘Planejamento do Percurso Formativo’, e ‘Projeto Político Pedagógico e sua reelaboração’.

Este é um documento que dará muito amparo aos professores que estão no dia a dia trabalhando nas escolas dos municípios da Amosc. De acordo com o professor da Unochapecó, Elcio Cecchetti, que integrou a coordenação geral de elaboração do Currículo, o processo contou com muitos momentos formativos, discussões, escrituras, encontros presenciais antes da pandemia, e remotos, depois dela.

“É um marco para nossa região e para nossa história educativa, mas acima disso, é um marco para o futuro, pois temos que lembrar que a BNCC se estabelece por 20 anos, então até 2037 nós vamos falar dela, e do mesmo modo falaremos sobre o Currículo Regional. É muita coisa, forma-se uma geração ou até mais que uma, a partir disso. E sempre é bom salientar que o currículo tem um grande poder de constituir e formar identidades. Ou seja, o que nós fizemos é algo de grande responsabilidade e que terá um enorme impacto positivo nas gerações futuras”, ressalta.

Para se ter uma ideia da grandeza do projeto, ele contou com a participação de mais de 50 formadores, que atendeu aproximadamente 2,6 mil professores de 150 escolas dos 20 municípios que integram a AMOSC. “Temos esperança de que o documento sirva de referência para muitas outras ações no campo das políticas educacionais. Que possa servir de referência para os municípios na organização do trabalho pedagógico, nas salas de aulas, laboratórios, na organização dos seus eventos escolares, como feiras culturais, científicas. Ainda, que possa auxiliar as formações continuadas dos professores, e que seja balizador da formação inicial, promovendo um diálogo com as licenciaturas das universidades da região”, explica o professor da UFFS, Willian Simões, que também integrou a equipe de coordenação de elaboração do Currículo.

A partir desta semana, os municípios receberão o documento finalizado, e com isso, poderão dar início à uma nova etapa no ensino fundamental da região. A vice-reitora e pró-reitora de Graduação da Unochapecó, professora Silvana Muraro Wildner, entende que é motivo de muito orgulho a Universidade estar presente na elaboração deste Currículo Regional.

“Eu vejo que é um ciclo que se fecha, pois a Fundeste/Unochapecó formou muitos dos profissionais que participaram da elaboração do Currículo, e hoje estão formando os estudantes que chegarão na universidade daqui alguns anos. O termo de parceria da Unochapecó com a Amosc foi formalizado em 2015, mas sabemos que a parceria existe há muito tempo. E sempre que for preciso contar com nosso trabalho, ajuda ou parceria, vamos estar aqui, pois isso está no nosso DNA, que é esse engajamento comunitário e deixar essa marca tão importante lá na escola”.

 

*Jornalista - Setor de Marketing e Comunicação Unochapecó