Pesquisadores brasileiros, da América Latina e da Espanha estiveram reunidos na Unochapecó, de 6 a 8 de março, para debater questões que envolvem as cidades médias. A discussão ocorreu durante o XIV Workshop da Rede de Pesquisadores de Cidades Médias (Recime), organizada por meio de uma parceria entre a Unochapecó, Recime e a Universidade Federal Fronteira Sul (UFFS).

O evento foi o primeiro das ações que compõem as atividades da Uno em comemoração ao centenário de Chapecó. O município é um dos que se encaixa na descrição de cidade média, já que, mesmo sendo uma cidade de médio porte, têm fundamental importância para a região em que está localizada.

Segundo a coordenadora da Recime, professora Maria Encarnação Beltrão Sposito, estudar o tema é essencial para compreender o Brasil urbano. Nas últimas décadas, as cidades médias vêm ganhando mais protagonismo, e isso ainda ocorre com maior força quando elas estão longe das metrópoles, pois passam a desempenhar papel fundamental a um grande território, oferecendo bens e serviços especializados. "Chapecó é uma cidade com importância regional significativa e que está localizada longe das metrópoles do Sul, por exemplo".

A Rede de Pesquisadores de Cidades Médias estuda 15 cidades do Brasil, além de já ter concluído a pesquisa de duas cidades chilenas e duas argentinas. Cada estudo resulta na publicação de um livro, produzido a partir da investigação de quatro processos: modernização do agronegócio, desenvolvimento industrial, chegada de grandes empresas comerciais e a desigualdade social no espaço.

O livro que apresenta o resultado das investigações científicas de Chapecó foi lançado durante o evento, no dia 07/03. A publicação ocorreu de forma conjunta com o município de Dourados, do Mato Grosso do Sul.

 

Experiência internacional

Como forma de promover a troca de informações sobre as cidade médias, pesquisadores de outros países estiveram no workshop para apresentarem as realidades dos locais em que vivem.

O professor Christian Henríquez, da Pontifícia Universidad Católica de Chile, abordou o caso das cidades médias chilenas e como elas se desenvolvem. Por possuir um sistema urbano mais simplificado, ele destacou que a estrutura é bem distinta do Brasil, mas a ideia é que também repitam processos similares aos que estão ocorrendo em outros países latino-americanos e europeus. "A intenção dessa discussão é contribuir com o desafio de avançar esse novo conceito e verificar como as cidades médias estão se replicando".

Já o professor Francisco Celebrian Abéllan, da Universidad Castilla-La Mancha, apresentou dados de uma pesquisa sobre cidades médias desenvolvidas entre universidades dos Estados Unidos, da Polônia e da Espanha. O intuito é analisar como os processos urbanos dessas cidades vêm se modificando em contextos socioculturais diferenciados. "O objetivo é mostrar uma experiência comparada de três modelos e como elas ajudam a reproduzir as morfologias urbanas em seus países".

Durante as três noites, o evento contou com mesas-redondas entre especialistas e convidados. Para a coordenadora do encontro, professora Ana Laura Villela, o workshop superou as expectativas. "Os três dias de debates abertos à comunidade e os cinco dias de trabalho da Rede foram intensos e de grande reflexão teórica e prática. Todo este material será organizado para futura publicação, com valioso conteúdo e inovação".